terça-feira, 27 de outubro de 2009

IMITAÇÃO DA VIDA (1959)


Quando peguei na locadora o filme Imitação da Vida, de 1959, não esperava grandes coisas, parecia um filme dramático de Hollywood com disposição apenas para arrancar lágrimas da platéia, queria era mesmo ver a atuação de Lana Turner.
Todavia, que mero engano, e como gosto de me surpreender positivamente (claro).


A história mostra diversos conflitos, pessoais, familiares e profissionais, uma real imitação da vida que torna claro como são delicados os relacionamentos humanos.


A história começa em uma praia de Coney Island em 1947, quando a aspirante a atriz Lora Meredith (Lana Turner) se perde da filha. Ela acaba encontrando-a com uma senhora negra e uma menina, as duas brincavam e fizeram amizade com um fotógrafo, Steve Archer (John Gavin).
Lora fica agradecia pela senhora chamada Annie Johnson (Juanita Moore) ter cuidado da sua filha. Mas ela fica sabendo que Annie está procurando trabalho e se oferece para trabalhar na casa de Lora como doméstica, já que não tem para onde ir com sua filha Sarah Jane, (Karin Dicker, Sarah Jane com 8 anos).


Sensibilizada, mesmo não tendo como pagar, Lora aceita os serviços de Annie e abriga as duas em seu apartamento. Sarah Jane e a filha de Lora, Susie (Terry Burnham, Susie com 6 anos) tornam-se grandes amigas.


Aí surge um primeiro conflito, Annie Johnson é negra, mas sua filha é branca e não aceita o fato de ser filha de uma negra e destrata a mãe por isso, a renega em vários lugares, inclusive na escola.


Lora tenta vários papéis na Broadway e até mesmo chega a sofrer assédio de um agente que em troca por um papel, quer Lora fazendo outros tipos de serviços para ele, o que ela recusa fazer.
Nesse meio tempo, Lora se reencontra com o fotógrafo Steve, que havia tirado uma foto das meninas na praia e a procurou para mostrá-la as crianças.
Logo surge um affair entre Lora e Steve, porém Lora consegue uma chance no teatro e vê sua carreira de atriz subir rapidamente logo ganhando grande destaque, o que acaba levando Lora a se afastar de Steve e a ter cada vez menos tempo com sua filha.
Apesar de não ter esquecido Steve, Lora começa um relacionamento com o roteirista David Edwards que passa a escrever peças especialmente para ela.


Rica e com muito sucesso, Lora logo larga seu humilde apartamento e compra uma bela mansão e enche sua filha de mimos e agrados, mas o que ela mais quer é a companhia da mãe, sempre ausente devido aos compromissos profissionais.


Lora continua sua amizade com Annie e é essa quem fica mais tempo com as meninas, já crescidas, Susie (Sandra Dee, Susie com 16 anos) e Sarah Jane (Susan Kohner, Sarah Jane com 18 anos) estão tomando rumos diferentes na vida. Enquanto Susie entra para a faculdade, Sarah Jane está cada vez mais complexada quanto a sua origem negra e cada vez mais rebelde. Começa um relacionamento com um rapaz escondido da mãe.
Um dia o rapaz é vítima de piadas de colegas porque namora uma negra, enfurecido ele agride Sarah Jane chamando-a de negra. Machucada e humilhada Sarah Jane culpa a mãe por ela sofrer tantas humilhações e some.


Um dia Annie descobre uma caixa de fósforos de um clube noturno dentro de um dos bolsos de um casaco da filha, indo até esse clube, ela vê Sarah Jane se apresentando dançando e dublando em uma boate, o que deixa a religiosa Annie escandalizada e pede imediatamente que a filha saia dali.
Quando o gerente do clube descobre que Annie é mãe de Sarah Jane, a manda embora.


Sarah Jane pede que a mãe a esqueça e foge.


Muito amargurada, Annie começa a ficar com a saúde debilitada.
Por outro lado, Lora recusa fazer um novo papel de comédia com David Edwards e prefere apostar em um papel dramático aceitando trabalhar com outro roteirista, o relacionamento entre os dois acaba.
Lora então se reaproxima de Steve, de quem sempre gostou. Os dois fazem planos juntos, mas Lora acaba recebendo um convite para trabalhar em um filme com um famoso diretor italiano. Apesar de contrariado, Steve aceita a ida de Lora para a Itália e fica tomando conta da filha dela, Susie, e sem perceber acaba despertando um amor platônico da jovem por ele.
Steve sente grande apreço por Annie e sensibilizado pelo drama dela contrata um detetive para saber do paradeiro de Sarah Jane. Acaba descobrindo que ela está em Hollywood dançando em um clube.
Annie vai lá para se despedir da filha, dizendo que apesar de não gostar, aceita a decisão da filha. as duas se emocionam e Annie parte.
Annie fica com a saúde cada vez pior. Em uma noite, Susie confessa a Annie que está apaixonada por Steve.
Susie esperando Steve chegar, o vê voltar de carro com sua mãe e os dois se beijando, ela tem um acesso de ciúmes e no dia seguinte diz para a mãe que fez sua inscrição na faculdade no Colorado, apesar de dizer que quer se tornar mais independente, elar quer ficar longe da mãe e de Steve, ainda mais depois que soube que os dois iriam se casar.
Annie conta para Lora que o real motivo da atitude de Susie é que ela ama Steve. Sem saber o que fazer, Lora diz para Susie que deixará Steve se ele for o motivo delas se separarem. Susie fica com raiva e diz que a mãe está fazendo com ela apenas um papel de atriz "Mãe, deixe de representar! Voltada para seu sucesso, você nunca teve tempo para mim. Minha sorte é ter sempre Annie ao meu lado".
Lora fica arrasada com o que a filha diz.


Pouco tempo depois, Annie fica muito doente e o médico diz a Lora que ela tem pouco tempo de vida. Recebendo a visita de um pastor da sua igreja, Annie pede a Lora que cuide de sua filha e diz para Steve que dentro de uma gaveta na sua cômoda há todas as recomendações de como ela deseja o seu funeral.
No funeral de Annie há a participação da Rainha do Gospel Norte-Americano Mahalia Jackson, que canta "Trouble of the World".
Enquanto o caixão de Annie é carregado por uma carruagem, Sarah Jane aparece desolada, chorando, chamando Annie de mãe pela primeira vez em público, e fica abraçada ao caixão pedindo desculpas por tudo o que fez.
Lora tenta consolar a garota e ela responde "Dona Lora, eu matei a minha mãe!"

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Imitação da Vida é baseado num livro de Fannie Hurst, e é um 'remake' da primeira adaptação dessa obra para o cinema, de 1934. Essa versão foi dirigida por Douglas Sirk, é seu último trabalho nos Estados Unidos, antes de retornar ao seu País de origem, a Alemanha, onde realizaria três outros filmes antes de sua morte.
O filme aborda bem a relação familiar, e frisa bem a discriminação racial, tão visível nessa época nos Estados Unidos.
Fica como destaque as atuações de Juanita Moore como Annie Johnson e para Susan Kohner que interpreta Sarah Jane adulta. Tanto que Juanita foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante e também ao Oscar na mesma categoria junto com Susan Kohner.
Vale também como destaque a participação especial de Mahalia Jackson interpretando "Trouble of The World".



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